domingo, 12 de abril de 2015

Dos bilhetes em baixo dos lençóis...não entregues

Escrita por mim em 03 de abril de 2015.



Hoje chove em Ceilândia Norte. 
Dizem que es-ta sexta-feira é santa, 
por isso o feriado. Parece mais
ser sábado de feriado. 


Estou num abrigo para homens em situação de
rua. Há silêncio e abandono por aqui. Sentimentos
que vagam pelas brisas em cômodos e paredes. As
co-res do céu estão cinzentas. 


Do outro lado da grade há sobrados de dois
andares em cores verde, amarelo, rosa, dourado em 
ja-nelas com grades. Há grades em todos os
luga-res nesta cidade. 


Dentro da grade, em que estou, há duas árvores 
de folhas verde musgo com pingos vagarosos a beijar
o solo. O tempo parou por aqui!


Ouço som da TV vindo da cozinha, ou quarto.
Um homem conversa em voz alta, interrompe a
pa-ralisia do tempo. Ele fala sozinho


Este papel tem um infinito branco, igual ao
tempo: infinito enquanto não o usamos. Isto não
deve fazer sentido, suponho. Fomos educados para o
temerosos silêncio, ou para permanecermos amarelos
como flores sobre túmulos. 


Em 2014, neste abril, também estava aqui, 
em Cei-lândia Norte, mas com muitas chaves nas mãos.
Abria e fechava portas, portões, gavetas e grades.


Às vezes o tempo evaporou de um ano para cá.
Permaneço o mesmo. Sou irresponsável por não
per-mitir assumir minhas falhas. Preciso de mais poesia.


Pensei, várias vezes, em te ligar. Imaginei, em 
con-flito comigo, que você estivesse a dormir; ou queria 
desligar-se do meu contato.


Lembro-me de nossas conversas sobre amor, de
que só os corajosos o alcançam. Risos! Estou em
dú-vida sobre isso. Li, certa vez, que só os imperfeitos
alcançam o amor, posto que ele nos leva à perfeição.
E transforma qualquer um em nobre poeta. 


As almas tornam-se mais elevadas e sublimes
quando amam. As flores, o vento e os ciclos do
Universo entram em sincronia conosco quando
amamos.


Queria entender quando ele surge. Se surge, como
saber se é real? Se para ...  para sempre? A melhor
resposta seria ver os sinais. E queria - tanto - vê-los.






.



Das                                         cartas                            que nunca
chegam



Há fotografias na parede. Uma boa música:

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Do caderninho...guardado sob medos

Assim era:


Balsas - MA 01/07/11

<-> Eu não tenho um diário. E quando a gente tem medo de alguém pegar, ler e dizer besteiras...então é bom um blog, né? Hoje eu resolvi parar a rotina. Parar para sentir. Foi isso! Eu parei e coloquei os óculos para ver o mesmo céu de sempre, que eu sempre achava engraçado, porque tinha estrelas fracas.

Resolvi fazer um café em exatas 21h - loucura? Risos! O silêncio de mim me fazia feliz. Eu me olhava e me (des) avessava de dentro pra fora e inversamente me sujava de tinta. Eu lembrei que, quando criança, adorava ficar olhando o céu deitado no capô do carro vermelho de história de pai. Eu olhava e achava os cristais do escuro, o máximo.

Corri e disse pra mãe que eu queria ser astronauta. Ela ria! Eu ria! Senti-me com futuro resolvido: eu já sabia o que queria e a vida parecia curta e leve! Risos!! Depois de muitas derrubadas acredito que a vida é leve e que podemos tocar em estrelas desconhecidas e infinitas. A gente foi feito pra ser feliz... e com amor.

Estou experimentando meu café sem leite feito à noite em horário estranho... e num é que é bom... e diferente agir na curva escolhida!!! É bom!